Você quer comprar um carro, o que você faz?
Dá uma olhada nos classificados pela internet, consulta seus sites favoritos para conhecer melhor as opções, conversa com os camaradas (pessoalmente e online, em grupos e afins) para coletar opiniões, faz alguns test drives e, depois tenta encontrar o melhor negócio, seja em um usado ou zero-quilômetro. E isto não vale só para nós, pobres mortais.
Fabricantes de superesportivos, como a Ferrari; e de alto luxo, como Rolls-Royce ou Bentley, têm um processo parecido com este – exceto que com valores mais altos bem mais altos, claro. Mas a coisa também acaba se resumindo a ir até a concessionária, negociar, fazer um test drive, negociar, personaliar, negociar, comprar e levar para casa. Talvez role uma pré-seleção, como é o caso da Ferrari, mas fora isto não há muito mistério.
Mas é assim que as pessoas comuns compram carros. Para a Bugatti, cada uma das 500 pessoas que comprar um Chiron (ou menos gente, se alguém ficar com mais de um carro) é especial. O supercarro ainda está sendo fabricado, e a fila de espera chega a três anos entre encomenda e entrega, mas isto faz parte da experiência de comprar um hipercarro que custa US$ 3 milhões – isto dá pouco mais que R$ 9,5 milhões, sem impostos. E, se você tem US$ 3 milhões para torrar em um carro (sem contar os opcionais), pode ter certeza que você será tratado como tal.
Para começar, não importa quantos milhões (bilhões) você tem na conta bancária. Eles não vão nem se dar ao trabalho de checar com seu gerente. Cada um que dá seu nome para a Bugatti em algum dos showrooms espalhados pelo mundo, como em Dallas, Londres, Monaco ou em Dubai e se coloca como cliente, é um cliente em potencial. Eles vão te convidar para eventos, lhe passar informações e te colocar na fila de espera. Eles vão construir um relacionamento com você, e confiam em seu “faro” para determinar se alguém será digno de levar um Chiron para casa.
Existe, contudo, um perfil médio de quem compra um Bugatti Chiron: normalmente é o cara que tem cerca de 40 carros na garagem (e quase sempre um deles é o Veyron), pelo menos um iate e um jato particular, coleções de obras de arte e propriedades espalhadas pelo mundo (falamos disso neste post).
Quem passa no crivo dos profissionais é convidado para uma visita especial a Molsheim, na Alsácia, França, para o Ateliê Bugatti. É lá que o Chiron é fabricado, testado e negociado.
O lugar se chama Chateau de St. Jean, e é um solo sagrado para a Bugatti. Foi ali que Ettore Bugatti começou a fabricar carros de corrida na primeira década do século XX. Os primeiros carros começaram a ser entregues em 1910, e em 1911 os Bugatti começaram a vencer corridas. A longa história da fabricante a transformou em uma marca de altíssimo luxo que faz os carros mais velozes, opulentos e exclusivos do mundo. É uma maneira inusitada de homenagear uma bela herança nas pistas, que inclui até mesmo duas vitórias nas 24 Horas de Le Mans, uma em 1937 e outra em 1939, mas faz sentido.
Ao adentrar por baixo de um arco coberto por heras com a imagem de São João Batista esculpida no topo, um dos patrimônios da família Bugatti. Você está em um mundo isolado onde tudo que você imaginar pode ser conseguido por um preço – se tratando de seu futuro carro novo, claro. Você será levado para um hall onde um motor W16 de oito litros faz parte da decoração, assim como um exemplar do Bugatti Chiron, sofás que provavelmente custam mais que um carro (não um Bugatti, claro).
Uma pequena palestra com um dos representantes da marca, falando a respeito da história da marca, da trajetória de Ettore Bugatti, da transição de equipe de corrida a fabricante de superesportivos de luxo, das conquistas técnicas dos engenheiros da companhia e de tudo mais relacionado à Bugatti é oferecida. E, caso você se interesse mesmo pelo assunto, pode se transformar em uma conversa que se estende por horas, com direito a uma visita ao museu para conferir de perto os modelos icônicos da Bugatti. Há, contudo, quem não queira mais que cinco minutos de briefing antes do tão esperado test drive.
Um dos representantes da Bugatti te acompanha, e a duração e o trajeto variam de cliente para cliente. Alguns dão uma voltinha de vinte minutos, outros dão um passeio de três ou quatro horas pelas montanhas. Paciência é a chave aqui – há quem realmente esteja indeciso sobre a compra e precise de tempo ao volante para chegar a uma conclusão. Os caras esperam. Só há uma regra: se você bater o carro e danificá-lo, precisa ficar com ele.
Para alguns, a jornada acaba aí: o cliente decide que é melhor esperar mais um pouco é convidado a retornar quando mudar de ideia… se tiver sobrado algum exemplar. Na maioria das vezes, o que acontece é o próximo passo: a customização.
No Customer’s Lounge da Bugatti, instado em um antigo estábulo da família Bugatti construído em 1788, amostras de todos os tipos de acabamento externo e interno são exibidas, e você escolhe uma a uma. Se não encontrar o que quer, você pode encomendar seu próprio padrão de revestimento, sua própria cor ou suas próprias pedras preciosas nos botões do painel. Até mesmo o desenho das costuras dos bancos pode ser 100% personalizado. Só tenha em mente que algumas centenas de milhares serão adicionados ao preço final. até três semanas podem ser acrescentadas ao prazo de entrega para que se consiga atender às exigências. Tudo é feito com a ajuda de um designer especialmente… designado para aquela venda em específico.
O processo de montagem só começa depois que o dono já configurou seu carro, escolhendo entre as 23 opções de pintura, oito opções de fibra de carbono, 31 cores diferentes de couro, oito cores de Alcantara, 30 opções de costuras, 18 opções de carpete e 11 cores para os cintos de segurança. A partir daí, começa a contagem de um prazo de aproximadamente seis meses entre o início da montagem e a entrega. Supondo que o dono não queira nenhum tipo de customização especial.
Com o carro configurado, a ordem de compra é emitida e, a partir dali, o trabalho fica com a Bugatti. Claro, depois que você fizer o primeiro pagamento, que fica em torno de US$ 250 mil. O segundo pagamento, cujo valor não é divulgado, acontece exatamente nove meses antes de o carro começar a ser construído. Algo que pode levar até cinco meses –, e o restante é pago quando as chaves são entregues.
Antes de ir embora, você ainda pode dar mais uma passada no Customer’s Lounge da Bugatti para comprar algumas roupas e acessórios desenvolvidos em parceria entre a Bugatti e algumas das grifes mais famosas do mundo. Levar para casa uma jaqueta, terno ou paletó como recordação de sua visita.
A entrega pode ser feita em qualquer lugar do mundo, mas a Bugatti “recomenda fortemente” uma segunda visita. A Molsheim para garantir a experiência completa. Já que eles insistem…
Fonte: https://www.flatout.com.br
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